Nas últimas semanas, a Polícia Federal entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o relatório final do inquérito que investiga o uso de uma estrutura clandestina de inteligência dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro — batizada de “Abin paralela” .
Segundo a PF, entre 2019 e 2023, essa estrutura foi usada para espionar ilegalmente dezenas de autoridades públicas, ministros do STF, jornalistas, ativistas e adversários políticos — inclusive espécies de dossiês, monitoramento de localização via software “First Mile” e disseminação de informações falsas, em sinergia com o chamado “gabinete do ódio” coordenado por Carlos Bolsonaro .
Bolsonaro e Carlos: líderes do esquema
A PF concluiu que Jair Bolsonaro e seu filho Carlos atuaram como “núcleo estratégico” da rede criminosa:
Jair Bolsonaro foi apontado como “centro decisório” do esquema, claramente consciente das operações clandestinas e beneficiário direto das vantagens políticas geradas .
Carlos Bolsonaro, vereador do Rio, teria definido os alvos das investigações ilegais e usado as informações obtidas para alimentar campanhas de desinformação e ataques digitais, controlando sua rede de militância virtual.
Carlos chegou a ironizar a investigação nas redes sociais, afirmando que a PF seria “a PF do Lula” e sugerindo que as acusações seriam motivadas por interesses eleitorais .
A operacionalização do esquema
O relatório da PF aponta que a Abin paralela foi conduzida por agentes e servidores, comandados pelo ex-diretor Alexandre Ramagem — indicado por Carlos Bolsonaro — e que utilizava recursos oficiais (viaturas, sistemas, servidores) para monitoramento ilegal .
A ferramenta espiã First Mile foi usada intensamente, com cerca de 60 mil acessos entre 2019 e 2023, sendo especialmente ativa durante as eleições municipais de 2020 .
A rede visava proteger os interesses da família Bolsonaro — incluindo o senador Flávio — e minar instituições democráticas, como o STF, o TSE e a própria legitimidade das urnas eletrônicas .
Desdobramentos judiciais
A PF indiciou mais de 30 pessoas, entre elas Alexandre Ramagem, Carlos e integrantes da atual gestão da Abin, embora Jair Bolsonaro não tenha sido formalmente indiciado neste inquérito, já que responde por organização criminosa no inquérito do suposto golpe de 2022 .
O material foi encaminhado ao STF e será avaliado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se apresenta denúncia .
Além disso, o atual diretor da Abin, Luiz Fernando Corrêa, foi acusado de atrapalhar a investigação — evidenciando uma “contaminação institucional” que persiste mesmo após a saída de Bolsonaro .
Por que o caso é relevante?
1. Revela o uso abusivo e político do aparato de inteligência do Estado.
2. Confirma o alinhamento entre espionagem, desinformação digital e interesse eleitoral.
3. Acende alerta sobre a necessidade de supervisão and conteúdo democrático sobre órgãos sensíveis, como a Abin.
📝 Situação atual
O STF avaliou o sigilo e tornou público o relatório (18 de junho de 2025) .
A PGR agora definirá se oferece denúncia com base no inquérito.
Bolsonaro segue respondendo por organização criminosa no inquérito do golpe, e pode vir a enfrentar mais acusações por espionagem ilegal.
📌 Resumo
Atuações Envolvidos Próximos passos
Espionagem ilegal, influência política, fake news Jair Bolsonaro (executor político), Carlos Bolsonaro (coordenador digital), Alexandre Ramagem (operacional) PGR pode apresentar denúncia, STF analisará, potencial processo contra Carlos e outros
Este caso — da “Abin paralela” — reforça o debate sobre como agências de Estado podem ser usadas para interesses pessoais e políticos, o que representa uma séria ameaça à democracia e ao equilíbrio entre os poderes.

9 de julho de 2025/
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