O colapso no sistema de captação, tratamento e abastecimento de água em Descalvado é o resultado direto de anos de negligência e descaso das administrações anteriores — incluindo a do ex-prefeito Becão (PL) e de seu vice à época, hoje vereador. É justamente esse ex-vice-prefeito, que participou diretamente da gestão que ignorou os alertas, quem agora tenta levantar a discussão como se não tivesse responsabilidade alguma no problema.
Com menos de seis meses de governo, o atual prefeito Luisinho Panone (PSD) se vê obrigado a enfrentar um cenário crítico, herdado de anos sem investimento, planejamento ou responsabilidade administrativa. Para resolver definitivamente a situação, Panone já está licitando a instalação de um filtro de grande porte, popularmente chamado de “filtro monstro”, que ocupará toda a rua ao lado da Estação de Tratamento de Água (ETA) e parte da praça vizinha.
Na última sessão da Câmara Municipal, os vereadores Coronel Mussolini e Diego da Global (ambos do PL), juntamente com Jacauna (PSD) — parte da bancada de oposição — apresentaram gravações e um laudo que comprovam a contaminação da água por coliformes totais. O problema, no entanto, não é novidade.
Já durante o governo Becão, denúncias sobre a má qualidade da água vinham sendo feitas. O então vereador Daniel Bertini chegou a apresentar à Rádio Regional FM um laudo apontando a presença de coliformes fecais na água captada da antiga Vigor. E à época, Félix Favaretto (MDB) — engenheiro ambiental e hoje vereador — também alertava publicamente sobre o colapso iminente do sistema de saneamento por falta de planejamento e investimentos.
A lagoa de tratamento, recém-inaugurada naquele período, já estava no limite de sua capacidade. Parte da rede de esgoto sequer havia sido finalizada, como também apontado por Favaretto. Mesmo com todos esses alertas técnicos e denúncias públicas, as gestões anteriores preferiram ignorar os fatos e usar a “água barata de Descalvado” como palanque político, espalhando o medo de privatização e aumento de tarifas, ao invés de investir onde realmente era necessário.
Enquanto isso, a população seguiu pagando caro por uma água de baixa qualidade — com reclamações recorrentes nos veículos de imprensa locais.
Agora, com a crise batendo à porta, fica evidente a verdade: a qualidade da nossa água caiu, o custo aumentou, e a culpa tem nome e sobrenome — os ex-administradores que estiveram à frente do Executivo municipal e nada fizeram.
O atual governo já está agindo. Com a licitação do novo sistema de filtragem em andamento, Luisinho Panone mostra que é possível fazer diferente. Mas além de resolver o problema técnico, será preciso mudar a forma de pensar a gestão da água em Descalvado, com planejamento de longo prazo, seriedade e responsabilidade. Caso contrário, novos colapsos serão inevitáveis.
Fonte; Regional FM