O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, nesta terça-feira (10), ter incentivado atos antidemocráticos em 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por manifestantes. Em depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), ele classificou como “malucos” os apoiadores que pedem intervenção militar ou a volta do AI-5.
> “Tem os malucos que ficam com essa ideia de AI-5, de intervenção militar das Forças Armadas… Os chefes das Forças jamais embarcariam nisso só porque alguns estavam pedindo”, afirmou Bolsonaro.
O AI-5 (Ato Institucional nº 5), editado em 1968 durante a ditadura militar, foi o mais duro instrumento de repressão do regime, suspendendo garantias constitucionais e ampliando o poder do Executivo.
Durante o interrogatório, Bolsonaro foi questionado sobre manifestações contrárias ao resultado das eleições. Ele afirmou ter feito um vídeo pedindo a desobstrução de vias públicas e alegou não ter incitado protestos.
> “Se eu quisesse o caos no Brasil, era só ficar quieto. Nós repudiamos tudo aquilo. Com todo respeito, doutor Paulo Gonet, não procede que eu colaborei com o 8 de janeiro. Não tem nada meu ali estimulando aquela baderna”, disse.
O ex-presidente também afirmou que, antes de viajar aos Estados Unidos, fez uma live na qual pediu que não houvesse confrontos e negou ter incentivado qualquer ato ilegal. Disse ainda que permaneceu recluso no Palácio da Alvorada durante o período de transição.
> “Eu pacifiquei ao máximo. Não convoquei ninguém para protestos, nem legais nem ilegais. Apenas fiquei recluso”, declarou.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, perguntou se Bolsonaro havia tomado alguma ação para desmobilizar os acampamentos em frente a quartéis, onde manifestantes pediam intervenção militar. O ex-presidente respondeu que tentou orientar os apoiadores.
> “Alguns poucos falavam em AI-5. Eu perguntava: ‘Você sabe o que é AI-5?’. Nem sabiam. Intervenção militar, isso não existe. É como pedir pra cometer suicídio. Deixa o pessoal desabafar”, afirmou.
Segundo Bolsonaro, uma tentativa de desmobilizar os grupos poderia ter piorado a situação:
> “Se desmobilizássemos, talvez o pessoal fosse para a Praça dos Três Poderes, o que seria pior. Melhor que ficassem afastados”, completou.
